(De: Saúde mental na pandemia – 54)
Após semanas em dúvida: escrevo algo sobre superação ou não? Junto com outros termos, já se falou tanto sobre isso…
Por outro lado, como não falar, ao menos brevemente, a respeito de superação?
Então, a inspiração de alguém fundamental em minha vida, se conectou ao pensamento- também fundamental e formador.
Então entendi que deveria, sim, falar sobre superação.
Ficou claro que, assim como outros pontos, já batidos e surrados, não dava para não falar em superação.
Então:
Sim e não.
Porque se trata de E e não de OU.
Porque é inevitável.
E também, porque é real.
Necessário falar sobre superação, mas não extensamente. Há farto material sobre e, sabendo que menos é mais, serei breve.
Superação: recuperação, regeneração, reação, cura, “volta por cima”. Possibilidade de seguir adiante e ficar bem depois de um período complicado, assustador, traumático para muitos e complexo para todos.
Aqui está a definição de superação: lembrar como foi triste e difícil, mas pertence ao passado.
Nossa capacidade de amar e de viver bem seguirão conosco.
Existe uma certeza:
A experiência da pandemia é inquestionável, abrangente e absoluta.
É impossível se pensar em presente e futuro, minimamente a médio prazo, sem conexão com a Pandemia.
Impossível ignorar, deixar de lado ou relegar; estamos falando de algo que atingiu a todos, de forma rápida e abrangente, independente das condições de cada um.
Já há muito tempo, não se pode falar em nada, NADA que não envolva a realidade da pandemia.
Nossa rotina, a organização, trabalho, regulação social, econômica, afetiva; toda e qualquer interação, tem como pano de fundo a doença disseminada mundo afora. Claro assim…
Difícil definir se sairemos melhor ou pior dela enquanto sociedade mas, em termos individuais, não sairemos iguais.
Como já dito, não se passa por algo desta envergadura sem ser afetado- física, econômica ou emocionalmente.
Portanto, podemos entender que teremos algumas confirmações, mas também mudanças de crenças e comportamentos. Vivências marcantes e transformadoras.
A experiência em si e o quanto nos afetou e modificou.
A pergunta: independente da abrangência da Covid e suas consequências- que variam de acordo com o país e a situação peculiar de cada um, quais são as suas questões?
Ou seja, o que você entende que deve superar em sua vida para seguir adiante?
Questões concretas? Familiares? Relacionais? De trabalho? Emocionais? O que você necessita resolver para seguir melhor?
E agora, o último ponto aqui. Uma sugestão.
Pensando em superação, observo uma possível divisão da palavra: super/ação. Precisaremos de movimentos super- internos e externos- para fazer frente ao período tão difícil, complicado (e potencialmente traumático) que a Pandemia nos impingiu. Durante e após. Seja lá quanto dure.
Ainda estamos em Abril de 2021. Temos vacinas à mão e ao alcance e a experiência de mais de um ano nestas condições. Estes são pontos de inegável vantagem em comparação ao ano passado (ou mesmo meses passados, para ser realista).
Vai durar muito mais? Muito menos? Serão tempos tão difíceis quanto os anteriores?
Não sabemos…
E, já que não temos como saber, nos ancoramos em nossos objetivos, desejos e planos. Nosso horizonte.
Que, neste ponto, pode ser (também) vislumbrado e planejado como aquilo que necessitamos e queremos superar para alcançar uma vida melhor, mais plena e mais feliz.