Saúde mental na pandemia – 5

ATENÇÃO

Nesse momento de tantas incertezas, dúvidas e medos, precisamos ter bastante atenção a alguns pontos. Abordarei 4 aqui.

• Informação

A necessidade de entendimento e sentido faz parte da natureza humana. Perguntas e questionamentos sem respostas nos geram insegurança.

Isso explica, além de nossos interesses pessoais por certos assuntos, o fascínio e necessidade de saber sobre o que acontece após a morte ou se há vida além da Terra, por exemplo. E as religiões muitas vezes respondem e aplacam esses anseios.

Agora temos um vírus que nos tranca em casa, paralisa a economia, vira o mundo ao avesso e, ainda assim, sabemos tão pouco a respeito dele…

Há uma enxurrada de informações pelos jornais, TV e redes e, quando nos atualizamos, temos uma ilusão de controle.

Já que sei o que causa e como fazer para evitar o contágio, me sinto seguro e protegido.

Quem participa de algum grupo de Whatsapp, já recebeu links para jornais, estudos, sites, etc, onde está a “mais recente e definitiva” descoberta sobre o vírus.

E, em seguida a mesma é descartada por ser falsa (fake news) ou contestada por outro estudo que diz algo totalmente diferente e/ou contrário ao que acabamos de ler.

Precisamos então ter muita atenção à quantidade e qualidade das informações que recebemos.

Vc já se informou por ora? Veio de fontes ou órgãos certificados e confiáveis? Ok, então vamos mudar de assunto.

• Saúde

Muita atenção à nossa saúde física: alimentação, sono, atividade física e também à mental- como nos sentimos, o que pensamos e como reagimos.

Entendendo sempre que temos atualmente a pandemia como pano de fundo. Neste momento, não cumprir com uma ou outra coisa em um dia ou até se desestabilizar em alguns momentos com ansiedade, alterações emocionais ou reatividade, faz parte.

O que nos baliza nesse ponto é a intensidade e freqüência.

Ou seja, não estar o tempo todo ansioso e paralisado, mas também não estar nada, zero afetado, pois nesse caso estaremos em negação ou dissociados da realidade.

• Amizades

Independente da pandemia e isolamento, já podíamos perceber que com cada um temos uma relação diferente; uns amigos nos apoiam, outros nos fazem refletir. Há os que nos provocam ou os que nos alegram e todos eles são importantes. Também temos um efeito peculiar em cada amigo.

Porém, agora o momento é totalmente diferente e as interações também mudaram.

Além de obviamente serem virtuais, cada um está respondendo de uma forma e isso se reflete tanto na frequência quanto no modo de interagir.

Alguns podem ter se fechado no próprio isolamento e “desaparecido”.

Outros, em contrapartida, passaram a necessitar de muito contato.

E, dependendo da situação prévia (e da atual) de cada um, a interação pode nos fazer bem ou mal agora.

Precisamos observar com quem o contato é reconfortante e nos coloca em um estado mais positivo e com quem se dá o oposto.

Isso não significa romper relações ou abandonar ninguém. Pelo contrário, conversar com aquele amigo que está momentaneamente muito difícil de lidar porque está apavorado ou vivendo uma situação complicada, e ajudá-lo a sair esse estado dando sugestões ou apenas escutando, pode aliviar o sofrimento do outro e, naturalmente, nos fazer bem também.

Se trata somente de se proteger, dosando certos contatos. Faz parte do nosso protocolo de auto-preservação.

• Atividades

Estudar ou trabalhar de casa, tarefas domésticas, o auto-cuidado e atenção à família, somados à exasperante (mas necessária) higienização e assepsia, já podem nos ocupar bastante.

Agora, na esteira do isolamento, há uma infinidade de atividades online- cursos, estudos, exercícios físicos, meditação, etc.

E então, em nosso padrão automático e acelerado de origem, podemos nos exigir o cumprimento de uma lista de atividades extensas demais.

Já ouvimos pessoas relatando frustração porque, “ao contrário do meu amigo tal, não estou conseguindo ler 2 livros por semana, treinar e meditar diariamente, nem fazer nenhum dos vários cursos disponíveis como ele faz”…

Expectativa de alta performance, mais uma vez. Não precisamos (nem devemos) nos encher de atividades, já que estamos “com tanto tempo livre”.

Um balizador nesse caso é evitar o tudo ou nada; ou faço tudo que é possível porque “sobra tempo e tenho que aproveitá-lo integralmente” ou não faço nada além de passar os dias dormindo, comendo e bebendo em frente a alguma tela porque entendo que estou em um tipo de “férias” forçadas.

Porém, atenção não significa tensão. É somente estarmos atentos ao que estamos sentindo, pensando e fazendo em nosso dia a dia.

Estarmos auto conectados, basicamente. Isso ajudará a perceber rapidamente o que traz bem estar e o que nos prejudica.

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