SOFRIMENTO
O sofrimento faz parte da vida, tanto quanto as alegrias, a monotonia cotidiana ou o acaso.
Aqui vamos tratar de sofrimento emocional, psíquico, subjetivo- características únicas da condição humana.
Temos em nossas trajetórias momentos de felicidade e de dificuldade; dilemas, incômodos e desconfortos.
Há alguns ditados e frases a esse respeito:
“ A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional.”
“Peço somente força para lidar com o que a vida me apresentar, pois todos tem problemas….”
Um sábio que conheci repetia um ditado interessante:
“Alegrias compartilhadas, são dobradas. Sofrimentos divididos, tornam-se reduzidos à metade.”
Quantas vezes sofremos em silêncio pensando que é algo bizarro e que só nós temos, e quando resolvemos falar a respeito descobrimos que tantas outras pessoas padecem do mesmo mal…
Assumindo o protagonismo e o livre arbítrio, nos deparamos com escolhas e com a responsabilidade pelas decisões e consequências.
Viver no “banco do carona”, traz a tranquilidade de não ser responsável por quase nada. Não estávamos na direção… A condução e decisão foram alheios…
É confortável e seguro, mas, destituído de escolha e ação.
Ainda assim, nenhum de nós estará livre de sofrimentos eventuais.
Seres humanos auto e inter conectados, nos emocionamos com alegrias, raivas ou tristezas.
Podemos até desejar ter reações, sentimentos ou pensamentos unicamente positivos. (Quem nunca?). Porém, seria irreal imaginar uma vida sem momentos de pesar ou aflição.
Na verdade, nem se trata de eliminar desgostos ou amarguras; o botão que “desligaria” a tristeza, faria o mesmo com a alegria.
Organismos vivos estão sujeitos a sofrimentos fortuitos. É uma possibilidade que faz parte do pacote vida.
Nossa consciência e raciocínio tão sofisticados podem inclusive administrar o padecimento, diminuindo ou aumentando sua intensidade.
A observação do funcionamento biológico e dos mecanismos de auto proteção e preservação nos ensinam muito. O corpo se protege das agressões concretas combatendo, reagindo, se adaptando. O calor do ambiente nos faz transpirar para regular a temperatura, por exemplo.
Em questões emocionais também há mecanismos de proteção: defesas, estratégias e aprendizados para a melhor adaptação.
Corremos e escapamos de um prédio em chamas e só depois, ao chegar na rua ou já em casa, temos tremedeiras ou desmaiamos.
Desenvolvemos grande diplomacia (ou mesmo comportamentos agressivos) para lidar com ambientes hostis.
Aprimoramos interpretações rapidas para nos proteger de ameaças à integridade emocional.
A direção e intensidade do nosso olhar, pensamentos e ações também afetam enormemente o grau de sofrimento.
Não escolhemos o que nos vem à mente ou ao coração, mas podemos, ao percebê-los, direcionar nossa atenção e energia e alimentar estes “visitantes” ou matá-los de inanição.
A flexibilidade é também um ponto chave aqui: em momentos difíceis sentimos o golpe, podendo até sofrer muito, mas isso não impedirá vivências positivas por vir.
Oscilar e estar “em dia” emocionalmente com o que nos acontece, reagindo de acordo com o que nos afeta.
E, assim como a felicidade não nos “blinda” de tristezas, os tormentos não impedem futuras alegrias.
Às vezes temos inclusive ambos simultaneamente: coisas horríveis e maravilhosas acontecendo no mesmo período…
Estamos atravessando agora um momento em que o sofrimento está muito presente e de forma concreta: isolamento e limitações ao trabalho, encontros, saídas, etc ou quando pensamos ou vivenciamos as várias situações que a pandemia traz.
Contudo, mesmo em tempos tão duros e complexos houve alegrias: uniões, nascimentos, trabalho voluntário, o desenvolvimento de várias vacinas.
Com atenção e intenção e veremos que há também bons motivos para celebrar. Sempre.