SINTOMAS
“Acabei de receber um guia sobre a Covid: sinais da infeção, orientações, relação das vacinas já existentes e eventuais reações à elas.
Li tudo (12 páginas) com muita atenção.
Descobri que tenho todos os sintomas !!!!
(Verdade que ainda resta dúvida sobre uns 2 ou 3 que preciso observar melhor.)
Já estou sentindo inclusive alguns dos eventuais efeitos colaterais das vacinas, embora ainda não tenha tomado e esteja distante disso pois não faço parte dos grupos das fases iniciais.”
Já vimos que este é um vírus muito diferente e pode atacar de forma variada e sistêmica. Relatos de pessoas que estiveram doentes variam enormemente.
Então neste momento tornou-se difícil saber se temos Covid ou é uma simples virose quando sentimos algum mal estar.
Há balizadores e a avaliação cabe sempre ao médico e testes, claro.
Porém, a insegurança, variedade de expressão e muito temor podem nos levar à conclusões distorcidas.
Temos agora somados: desde notícias assustadoras, nossa própria situação familiar e de segurança, até o estado físico e emocional particular de cada um.
E em momentos mais difíceis ficamos mais suscetíveis a alterações dos sentidos, entendimentos e interpretações.
Precisamos manter um equilíbrio. Para isto, impressões, opiniões e sugestões- tanto nossas, quanto de familiares e amigos precisam ser validadas por especialistas: médicos e cientistas.
Assim, deixamos entendimento, diagnóstico e tratamento, quando necessário, nas mãos de quem é capacitado para tal e saímos da angústia do “achismo”.
OUTROS SINTOMAS
Quem já assistiu à alguma aula de Psicopatologia vai se lembrar do desconforto.
Sintomas são descritos e vamos ficando aflitos pensando: “Eu tenho isso…e aquilo outro também… Caramba, tenho este transtorno ! (E aqueles outros 2 também!)”
E nessas horas, não registramos todas aquelas outras informações que levam ao diagnóstico: quantidade e duração destes sintomas, graus de sofrimento que causam, etc.
(É engraçado depois, mas tenso na hora.)
Se estamos com colegas, são risos meio constrangidos. Se não os temos por perto, fazemos cara de paisagem e mantemos um ar “científico”:
“Interessante !” (Mas acho que eu tenho isso.)
“Então é isto que aquele meu conhecido tem”. (E parece que minha mãe também…)
Sintomas são, em princípio, protetores; “alarmes” sinalizando a necessidade de buscar ajuda para o que nos incomoda ou perturba- fisiológica ou emocionalmente.
Com relação aos sintomas mentais, temos um sistema emocional, psíquico e de reações físicas que funciona de maneira integrada.
Uma emoção deflagra pensamentos que podem acionar respostas físicas. E estas, por sua vez, intensificam as próprias ideias iniciais e a fisiologia envolvida.
Por exemplo: sentimos medo, pensamos que corremos perigo, nosso corpo reage e a ativação física pode nos “confirmar” que estamos em risco.
Não necessariamente nesta ordem mas, frequentemente, com um ponto reforçando o outro de maneira circular.
Outro aspecto importante é que emoções distintas (e até opostas), causam respostas fisiológicas semelhantes.
O coração acelera por estarmos felizes, em antecipação de algo positivo, mas também em situações de temor, susto.
Nos agitamos fisicamente e gritamos de alegria. Ou de raiva.
Sintomas de uma crise ansiedade extrema podem provocar respostas físicas agudas, muito parecidas com outras condições de saúde.
Em se tratando de ciência não exata- área humana e subjetiva, há dúvidas, lacunas e suposições que vão sendo preenchidas muitas vezes de forma distorcida.
Mesmo quando não há certezas existem parâmetros, medições e diretrizes e há que se levar outros dados em consideração.
Muitas vezes o transtorno pode ser teoricamente mais sério, mas os sintomas são menos fortes, portanto o sofrimento e gravidade também serão menores.
São observados os níveis ou graus dentro de escalas, sendo necessário um entendimento bastante amplo.
Sintomas podem ser ainda temporários e pontuais, não indicando transtorno. Importante avaliar a situação do indivíduo em particular e da cultura em que está imerso.
A subjetividade torna o trabalho em saúde mental desafiador; exige abertura de olhar e pensamento e muita, muita, humildade, pois aprendemos com cada um e isto é fascinante.