SAÍDA
Quem nunca viu em desenho animado um personagem passar por situações difíceis, uma atrás da outra, e lá pelas tantas, dizer assim:
“É, mas pelo menos não está chovendo !” E, imediatamente começar a chover. (Acima da cabeça dele, claro!).
2a onda? Estertores da 1a? 3a ?
Difícil precisar, especialmente em lugares onde a tragédia sanitária da Covid se mescla à apropriação politica do manejo.
Momento extremamente difícil no Brasil. A forte onda, opiniões divergentes e opostas- desde amigos até quem tem poder de decisão, passando por cientistas e profissionais de saúde.
“Temos que tratar agressivamente a partir do 1° sintoma? Preventivamente, inclusive?”
“Claro ! Assim se evita o risco !”
“De jeito nenhum ! Esses estudos são todos manipulados !”
E idem para toda e qualquer pergunta. Desde a prevenção até a aplicação de vacinas, não há consenso em nosso país.
Condições ideais para a “tempestade perfeita” ou seja, caos e instabilidade em termos comportamentais, emocionais e até políticos.
Isto nos desestabiliza, transtorna e produz ansiedade.
Vivência de um labirinto, eventualmente verde e simpático como o da foto, mas de onde não enxergamos escapatória.
POR FAVOR, ONDE FICA A SAÍDA ???
PARE QUE EU QUERO DESCER !!!
Saber que não temos o controle amplo dos fatos, decisões e consequências é, ao mesmo tempo boa e má notícia.
Má por estarmos à mercê do imponderável.
Boa, pelo mesmo motivo.
Podemos elimininar? Resolver? Não ! Então…
Frequentemente, me vêm à mente estórias em que pessoas ficaram presas por dias: os trabalhadores da mina que desabou no Chile, o grupo de jovens na gruta na Tailândia.
Certamente, passaram boa parte do tempo conversando sobre amenidades, se distraindo para passar o tempo, enquanto a solução era trabalhada do lado de fora.
Há muitas estórias semelhantes. Edith E. Eger, autora do livro, “A bailarina de Auschwitz”, contou em entrevista, como as prisioneiras do campo de concentração faziam “concursos de beleza”, enquanto passavam as noites entre dias de fome, doenças e desvalia.
Podem soar absurdas, mas são reações; respostas de sobrevivência, de auto preservação. Necessidade de distração para manter a sanidade.
Entrar na espiral de medo e desespero na busca por soluções quando estamos impotentes, é pouco eficaz e traz frustração e angústia.

ALTERNATIVAS POSSÍVEIS
Ainda que não tenha o poder da “canetada” ou de tomar decisões de maneira ampla, você continua tendo ingerência e controle sobre o seu comportamento e escolhas.
Há notícias na TV, rede e mídias sociais 24×7.
Se deixar sua televisão ou canal de comunicação abertos o dia todo, você será abastecido incessantemente por opiniões diferentes e frequentemente, opostas.
Logo, ficará muito difícil entender, separar a informação útil da panfletária e então decidir o que fazer…
Opções:
• Limitar suas informações.
Já se atualizou? Está em dia com os acontecimentos? Ok, pare por ora.
• Organizar e seguir uma rotina.
Sem rigidez excessiva, seguir horários pré determinados. Isto define, emoldura e contêm reações (naturais nesta situação) e promovem vivência de normalidade.
• Buscar interações saudáveis, que nos levem à lugares mais seguros e positivos.
Procurar contato. Conversas sobre assuntos interessantes para você com pessoas idem. Aquele familiar ou amigo que te dá ideias, faz pensar em coisas positivas, ou somente diverte porque é brincalhão.
• Fazer planos.
Para já, para quando houver flexibilização e para quando tudo se normalizar, seja quando for…
• Focar em contatos inspiradores.
Profissionalmente, em termos sociais ou afetivos, buscar aqueles que nos impulsionam em direção à luz.
• Consumir arte e cultura
Livros, filmes, música, dança, arte. De qualquer gênero que lhe agrade. Trazem bem estar e são “gatilhos” positivos da nossa alegria, bom humor e humanidade.
Não é tão difícil. Questão de manter a grande angular aberta, com atenção plena.