RESILIÊNCIA
“ Durante a semana acordo às 6:30. Exercício, banho, café, trabalho, curso às 2as e 4as, jantar, tarefas domésticas ou de trabalho, leitura e sono. (Rotina, piloto automático).”
“Sempre viajamos nas 2 primeiras semanas de Janeiro. (Adoro. Parece uma ótima maneira de começar o ano).”
“Quando o despertador toca, fico mais uns 10, 15m na cama, curtindo uma preguiça. (Um tanto arriscado- eventualmente adormeço novamente e tenho que fazer tudo correndo depois).”
“Passamos todo Ano Novo na casa da minha tia em Copacabana com a família inteira. (Odeio. É muita confusão e tempo demais no trânsito).”
“Toda vez que tenho um trabalho ou estudo a realizar, começo imediatamente a fazer, mesmo que o prazo seja longo. (Bastante eficaz. Me acalma e libera da preocupação).”
Hábitos, costumes, padrões.
Tarefas rotineiras são feitas de forma automática: banho, o caminho para o trabalho, como estudamos, calçamos os sapatos ou arrumamos nossos pertences.
Você não pensa: agora vou escovar os dentes começando pelo lado direito.
Nem quando caminha até o metrô para ir trabalhar: agora vou virar à esquerda e seguir reto.
Você só faz.
E, estando eventualmente distraída em pensamentos, pode nem se lembrar de ter feito tal caminho.
As tarefas necessárias e repetitivas são incorporadas e fazem parte da nossa rotina.
Isto é prático, funcional e também nos protege.
Imagine se você resolver que fará tudo de maneira diferente e de acordo com o seu humor no momento todos os dias. Poderá ser uma experiência muito interessante, mas talvez cause atraso e desorganização.
Funcionamos, somos bem sucedidos, organizados e sobrevivemos (inclusive) por mérito da repetição.
Esta promove e mantém a tal zona de conforto (que poderia também ser chamada de zona de costume).
Neste ponto de padrões e hábitos, encontramos o conforto- mental, emocional e até cerebral.
Perto de casa relaxamos porque conhecemos o caminho. Em lugares desconhecidos, ficamos mais atentos. Isto é parte do nosso equipamento de sobrevivência.
Aquilo que conhecemos nos tranquiliza. Em todos os sentidos. Independente de ser positivo ou negativo. Curiosamente.
É curiosa a mente. O que se torna familiar nos traz segurança e sensação de controle.
Mesmo que seja algo extremamente desconfortável.
É conhecido.
Ainda que seja algo horrível, já sabemos o que esperar. Nosso cérebro inclusive, fica fisiologicamente tranquilo pois sabemos do que se trata.
Quando nos deparamos com mudanças entramos em alerta, como se nosso sistema de defesa nos dissesse: “Cuidado ! Você está em situação de perigo.”
Esta é uma das razões pelas quais é tão difícil mudar- padrões, hábitos, costumes e até vícios.
Nosso cérebro já vivenciou aquilo antes, registrou e sabe como fazer e o que esperar dentro de tais parâmetros.
“Querer mudar” sempre me pareceu uma ideia um tanto romantizada.
Mudamos porque precisamos. Aquilo que “queremos mudar” se tornou insustentável ou impossível, então temos que…
Estando no 8° mês de pandemia temos mudanças amplas e compulsórias.
Esteja você trabalhando, mantendo vida familiar e social presencialmente (por opção ou imposição) ou seguindo em isolamento, a dinâmica mudou.
Aqui temos então uma oportunidade de refletir sobre nossas repetições, observar como estamos agora e pensar para o futuro:
Sinto falta do que fazia ? Das minhas repetições ? Elas farão sentindo quando puderem acontecer novamente?