RESILIÊNCIA
Resiliência em definição da Física, é a propriedade que determinados corpos têm de voltar à forma original após terem sido submetidos à deformação ou stress.
Ampliamos o princípio e o reconhecemos quando observamos a vida se manter ou mesmo brotar em condições extremamente adversas.
Como uma planta que nasce do nada, no meio do concreto.

Tomamos este conceito emprestado e aplicamos à capacidade humana de superar obstáculos e reagir positivamente sem adoecer psicológica ou emocionalmente.
Ou seja, a possibilidade de recobrar o estado original, tendo passado por ameaças graves à sobrevivência, e também de se adaptar à mudanças adversas.
Um indivíduo que passa fome, frio, tortura, dias perdido em uma floresta, no mar, em cativeiro. Quantas estórias (reais) já ouvimos de sobreviventes de catástrofes, limitações e riscos ?
Falamos aqui em superação e adaptação. A espécie humana foi capaz de sobreviver e desenvolver até habilidades e mudanças físicas neste processo.
Associamos resiliência à resistência- física e mental e força. São fundamentais para a nossa manutenção e continuidade.
Pandemia, surto, instabilidade, incerteza.
Pensamos em risco, sentimos medo e ficamos instáveis. (Não necessariamente nesta sequência ou cobrindo todos estes pontos.)
Alguns poderão até passar por tudo isso de maneira mais leve, mas parece impossível não ser afetado ou sentir a ameaça e o peso deste momento.
Cada um passa pela situação de uma forma, de acordo com os recursos que possui.
Os internos: ferramental emocional, condições psíquicas e habilidades sócio afetivas e os externos: situação concreta, em que lugar estamos, o que podemos fazer, acessar.
Embora estes recursos se relacionem e comuniquem de maneira circular, não são necessariamente interdependentes.
Pode haver paz e bem estar em condições adversas e tremendos conflitos em meio à bonança material.
O risco (de adoecer) é “democrático”, mas as condições de vida e tratamento são individuais e tristemente desiguais.
Temos isolamento, vivências particulares e opções “customizadas” para decidir quanto e como vamos manter o distanciamento.
Porém, independente da situação de cada um, haverá sofrimento ou- no mínimo- preocupação.
Novamente, o “novo normal” é estar anormal: objetivamente, em termos de humor, ânimo, sentimentos, emoções, pensamentos.
Oscilar. Alternar. Variar.
E se percebendo instável, acolher esses estados, reconhecer que estão em sintonia com a realidade e então buscar conforto e saídas.
Neste ponto, ter capacidade de balançar, chacoalhar e não “quebrar”. Entender que, quanto mais flexíveis, criativos e adaptáveis somos, maior será nossa resistência e resiliência.
Análogos aos materiais, como por exemplo o bambu, que com toda a sua delicadeza e aparente fragilidade é tremendamente versátil, naturalmente auto protetor e resiliente.
Olhamos para um bambuzal e nos parece vulnerável às intempéries da natureza. Balança com o vento, diferentemente das árvores de grossos troncos.
No entanto, segue firme após e apesar do mau tempo.
Assim também somos nós: seres aparentemente frágeis e dependentes que se revelam fortes e resilientes quando necessário.
Às vezes até sem ter ideia dessa capacidade.
Quantas vezes olhamos para trás, pensando em momentos ou situações extremamente difíceis que já passamos e pensamos: “…jamais imaginei que teria tamanha força ou resiliência…”
Quem nunca ?