REDES SOCIAIS
Quem tem mais de 20 anos assistiu filmes em vídeo (o VHS) e, em seguida em CDs. Se divertiu com jogos de XBox, Game Cube e outros. Depois se encantou com celulares que passaram a fazer muito mais que simples chamadas.
Os que têm mais de 30 anos certamente se lembram do desenvolvimento de celulares pequenos e leves.
Os acima de 40 anos acompanharam, fascinados, a própria chegada dos celulares aqui- “tijolos” caros e abrutalhados que faziam e recebiam ligações fora da rede doméstica. Parecia incrível !!
E quem tem mais de 50 anos…(vai parar de ler esse texto se eu continuar !)
Foram, de fato, mudanças muito rápidas e tivemos enorme avanço tecnológico em poucos anos.
A viabilidade de conexão com qualquer pessoa em qualquer lugar foi algo impressionante que abriu muitas possibilidades.
Ver pessoas se unindo em grupos de trabalho, estudo ou afinidade social e aplicativos ligando indivíduos por vários motivos ou finalidades é testemunhar uma nova etapa de desenvolvimento.
Em termos amplos, nós, seres (humanos) que somos, temos a capacidade de planejar uma guerra, ataques sanguinários ou promover fundos e ações para diminuir a fome no mundo. E tudo em rede.
No uso para o bem ou para o mal, o potencial de alcance é o mesmo.
A Internet deu voz à “anjos” benfeitores movidos por empatia pelo sofrimento de seus semelhantes, mas também à “demônios” unidos e direcionados pelo ódio.
Em termos individuais, ainda precisamos pensar em posologia: quando, quanto e como usar esta ferramenta que nos trouxe rapidamente as redes sociais.
Facebook, Twitter, Whatsapp, Instagram, Chats. Todos aparentemente promovendo compartilhamento, trocas, interação e conexão.
Será mesmo ?
Quem nunca viu um grupo de amigos em volta de uma mesa em silêncio porque cada um, em seu próprio celular, estava se comunicando com outras pessoas que não estavam ali ?
Quem nunca reparou (depois de algum tempo) que na mesa ao lado da sua, havia uma criança pequena, tão hipnotizada em uma tela, quieta, sem “perturbar” ninguém, nem os próprios pais, também ocupados com as deles ?
É paradoxal: nós que somos seres sociais e necessitamos de companhia e troca, terminamos isolados em bolhas individuais com nossos celulares. Justamente pela ampliação da conexão.
Seres em grupos e calados. Interagindo com ausentes. Comum, mas estranhíssimo…
Como se diz, a rede aproximou quem estava longe, mas afastou os de perto.
E propiciou relações cada vez mais virtuais.
Ilusão de proximidade, afeto e intimidade.
Faço aniversário e recebo dezenas de mensagens calorosas e afetivas. Emojis e figurinhas fofas. Sou querida !
Sou?
Quem, de verdade, sabe como estou?
Com quantos destes destinatários eu poderia contar: 250? 15? 2?
Foi lançado um documentário muito interessante (e perturbador) na Netflix: “O dilema das redes”.
Levanta pontos essenciais- depoimentos de criadores, ex-CEOs e funcionários que participaram da gestação e condução dos aplicativos mais importantes e abrangentes, que estão atualmente em choque com o uso e rumo dos mesmos.
São apresentados depoimentos de especialistas da área de saúde mental, estudos científicos e de comportamento e até uma dramatização do funcionamento das redes.
Imperdível, embora assustador por ser tão real…
Tudo o que é novo requer adaptação e aprendizado. Precisamos pensar em como equacionar melhor a interação do real com o virtual, na proteção aos indivíduos- especialmente os mais vulneráveis- e ampliar a legislação a respeito.
Temos que cuidar de dois pontos fundamentais: quantidade de tempo e qualidade do que é consumido na rede, enquanto consensos mais seguros e sólidos vão sendo elaborados.
A experiência de alta tecnologia, abertura de possibilidades e alcance, é um caminho sem volta mas, em termos sociais e de saúde, são imperativos o estudo e regulação.
A conexão via redes é tremendamente útil, aplaca a solidão, instrui e diverte, especialmente neste momento de pandemia e isolamento.
A auto regulação na observação do exagero, dependência e distorções, permitirá que isto aconteça de maneira saudável e prazerosa.
Alguém duvida que “visitar” paises, museus ou amigos pode nos fazer muito bem agora?