Saúde mental na pandemia – 27

PAUSA

Pausas são intervalos necessários para intermediar momentos, parar, relaxar, recarregar e ganhar mais força para seguir.

O pôr do sol é uma pausa entre o dia e a noite, a despedida de um dia e o início de uma noite. Minutos que dividem as 2 partes.

O da foto acima foi tirado na praia de Ipanema ( há “muitos” anos atrás, em Janeiro de 2020…)

No estudo há momentos marcados para sair de sala, comer, estar com os amigos.

No trabalho fazemos isso quando paramos para um café, esticamos o corpo, vamos ao banheiro.

Embora as pausas possam ser cronometradas, sua duração é muitas vezes relativa, subjetiva.

Em momentos cruciais na vida: “Então, doutor, o que viu no meu exame?” “E, aí meu filho, você passou de ano?” “Você ainda gosta de mim?” “O que houve?”

Quantos longos minutos duraram os segundos entre perguntas assim e as respostas?

Por outro lado: os 10 minutos de pausa que o dentista lhe dá antes de voltar a mexer no seu dente, aqueles 20 minutos de intervalo entre aulas puxadas e a parada de 15 minutos na subida de uma montanha, duram quantos segundos?

Momentos de suspensão onde velozmente surgem pensamentos e emoções; em tantas situações na vida, filmes, peças, conversas.

Há pausas planejadas, algumas ao acaso e outras forçadas e compulsórias.

Até Março desse ano, tínhamos uma rotina com alguns curtos intervalos diários e aqueles mais longos em fins de semana, feriados e férias.

Veio então o trancamento radical e há poucas semanas foi iniciada uma reabertura gradual, em fases.

Flexibilizações a serem mantidas, ampliadas ou diminuídas, dependendo dos resultados.

Mas de qualquer maneira, existe um consenso de que, em adição ao 6° mês que se iniciou, ainda teremos mais tempo de (algum) isolamento pela frente.

Sendo assim, aqui podemos e devemos fazer uma pausa.

Forçada, involuntária, inusitada, surreal, inacreditável…Qualquer que seja a nossa definição, ela é real. Assim como é fato a nossa impossibilidade de mudar o panorama geral.

Portanto, voltamos aos 2 pontos já abordados: a paz dos impotentes e a oportunidade.

Já que mudar a realidade está fora da nossa alçada, fiquemos então em paz, aceitando e obtendo o melhor aprendizado possível.

Execuções de tarefas foram para a prateleira, a ação externa está guardada no freezer e evento encontra-se encaixotado no alto do armário. Temporariamente.

Embora frustrante e eventualmente assustador isso não significa projeto inutilizado para sempre, para nunca mais.

A pausa forçada também pode trazer oportunidades para sentir, observar e pensar e então relatos interessantes surgem a partir daí:

“Já quis tanto que o tempo parasse e eu não tivesse que enfrentar certas coisas no dia a dia. E então…”

“O isolamento me fez ver o quanto eu precisava parar…”

“Solto, vivia angustiado ultimamente. Com o trancamento, relaxei…”

“Essa pausa que inicialmente me deixou apavorada, está sendo uma tremenda reconexão comigo mesma. Voltei a dar atenção ao que realmente gosto e preciso fazer…”

“A ausência de demandas externas, de tantos compromissos, me trouxeram uma paz incrível…”

Enquanto cuidamos do necessário e torcemos para que tudo se resolva, outras percepções, descobertas e insights podem nos surpreender.

Assim, estaremos mais fortes, consistentes e auto conscientes quando isso acontecer.

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