PÂNICO
“Estou apavorado. É algo que vem e vai. Às vezes penso que está tudo bem e que vai continuar assim, mas em outros momentos, entro em uma espiral de medo e insegurança…”
“Há 6 meses atrás minha vida era: rotina, desafios, algumas surpresas, coisas boas e outras mais difíceis, mas agora não entendo muito nem consigo prever nada…”
“Tenho insônias a cada tanto e sonhos que variam: uns são alegres, como se nada disso estivesse acontecendo, outros bastante estranhos e às vezes até pesadelos…”
“Nas raras vezes em que saí nos últimos meses, quis voltar correndo para casa, o que é estranho porque sempre adorei andar pelas ruas do Rio…”
“Ando tendo incômodos difusos e dores esquisitas. Talvez esteja um tanto suscetível. Se me disserem que esse vírus causa coceira nos pés, sentirei isso imediatamente…”
Novamente: o “novo normal” (expressão que já começa a dar nos nervos) parece, cada vez mais, ser alguma variação do antigo “anormal”.
Podemos traçar uma linha imaginária começando na ameaça, passando pelo medo e angústia até o pânico.
Momentos de muito temor, que não são necessariamente crises de ansiedade ou uma síndrome de pânico propriamente dita.
São sentimentos muitas vezes subjetivos, vagos ou difíceis de descrever.
Em saúde mental há métricas e balizadores como em outras ciências e um dos mais importantes é o contexto. Em meio à uma guerra, grandes incertezas ou ameaças, podemos apresentar alterações emocionais, psíquicas ou reativas e isto é compreensível.
Terminando o 5° mês de isolamento social temos muito tempo, vivências e consequências de uma pandemia portanto, eventuais alterações e instabilidades estão de acordo.
Mudar a realidade a nível macro não é possível, mas há coisas que podem nos trazer mais bem estar:
• Acolher nossos sentimentos: entender que fazem sentido e estão em consonância com o que estamos vivendo. Assim, poderemos sair do mal estar.(Afinal, não podemos sair de algum lugar ou estado se não entramos nele.)
• Cuidar da saúde física e emocional: comer e dormir bem, praticar exercícios e manter a sanidade mental com vivências e pensamentos mais positivos. Direcionar atenção à eles.
• Seguir uma rotina. É especialmente importante manter alguns horários; separar atividades, estudos e lazer. Isso traz um senso de realidade, mesmo que ela esteja um tanto alterada atualmente.
• Se você tem um trabalho, pode pensar em como obter melhores resultados. A identidade profissional, identificação com o que faz e o senso de pertencimento na função laboral são importantes.
• Se não estiver trabalhando, talvez seja um bom momento de se dedicar ao trabalho voluntário. Além da ajuda direta ao próximo, o exercício da solidariedade e doação fazem enorme bem aos que o praticam.
• Buscar o que lhe dá conforto, prazer e alegria: estar em família, cuidar de si mesmo, de outros, interagir virtualmente com amigos, atividades diversas.
• Empatia e paciência: estamos todos inseguros e instáveis. Se pudermos “alternar” os altos e baixos de cada um em nossos relacionamentos mais próximos, será ótimo.
• Resiliência: resistência e força. Entendendo que isto vai passar e continuaremos aqui. Por nós mesmos e por quem amamos.