ORGANIZAÇÃO
Após entender que ficaria trancado em casa por mais tempo do que imaginava, comecei a me planejar. Vou aproveitar para organizar muitas coisas:
Colocarei os documentos (guardados há anos) em pastas. Livros serão lidos e postos na estante. Vou arrumar a caixa de ferramentas, minhas roupas e sapatos no armário, as fotos antigas de viagens e coleções de medalhas- tenho todas, para desespero de quem mora comigo- das olimpíadas da escola.
Munido da combinação de: “já que” e “fazer limonada” no trancamento compulsório, resolvi fazer tudo o que vinha deixando (há anos) para depois e fiquei até animado com a perspectiva.
E agora, 5 meses depois, posso me considerar um expert.
Em planejamento de tarefas e em começos.
(Se é que ambos qualificam alguma espécie de expertise…)
Planejei como faria cada coisa; imaginei quantos dias cada uma me tomaria e cheguei até a comprar caixas para arrumar meus objetos na Internet.
E, de fato, comecei a fazer todas elas.
Foram muitos começos…
Iniciei com os documentos, mas interrompi porque era muito chato !
Aí resolvi que iria ler; além do interesse e cultura, poderia colocá-los lindamente na estante em seguida. Poucas coisas são tão dignas de auto reconhecimento quanto livros que já lemos dispostos na estante!
Mas, zero concentração e parei também…
Fui então para a caixa de ferramentas. Tarefa objetiva e muito mais fácil de executar, pensei. Só que eram tantas coisinhas: pregos de vários tamanhos, diversas chaves de fenda (para que mesmo ??). Fui ficando meio irritado e larguei aquilo…
Ao armário, então !
Fiquei de fato animado pensando em arrumar tudo; doar, descartar e, principalmente, reduzir a quantidade de coisas lá dentro de modo a conseguir achar certas peças quando quisesse.
Comecei a experimentar calças, camisas, etc e então fui ficando assim…como dizer…? Um pouco impactado ao perceber que não cabia em boa parte delas e/ou me caíam risíveis. Percebendo certo mal estar crescente, parei…
Fui para as fotos, mas como me deram muita preguiça, parti para a arrumação das medalhas e isso me pareceu bastante irrelevante nesse momento…
Parei também.
E agora, estou (continuo) aqui…
E aquela casa, que seria organizada por aquele cara super proativo (eu!!) está como antes…”
Pois, é…
Existe o mundo idealizado e o mundo real.
No primeiro, vamos dar conta de tudo o que não conseguimos antes já que “temos tempo e estamos em casa mesmo”.
Porém, no mundo real nos encontramos dispersos, preocupados, angustiados e instáveis.
E, importante frisar, isso faz sentido e é saudável agora.
Em questões subjetivas, muito tem que ser relativizado. Se estivéssemos em condições normais e você desfocado, distraído ou com dificuldades, seria preocupante.
Porém, uma vez que todos nós estamos mergulhados em informações assustadoras e dispersos em oscilações de acordo com os tempos atuais, fica ainda mais complicado manter o foco.
Organizar para, basicamente, diminuir a quantidade de itens à nossa frente ou em nossos compartimentos concretos é essencial e facilita muito.
Existem diversos métodos: organizar nossos pertences por ordem objetiva, temporal, afetiva ou uma combinação entre várias.
Só você mesmo pode definir a melhor opção, mas aqui vão 2 dicas: listas e cronogramas.
Quando identificamos travas ou padrões, podemos sistematizar.
• Listas podem ser muito úteis- anotar o que incomoda mais ou o que parece factível agora, ajuda. (Lembrando que o possível às vezes se sobrepõe ao “melhor”.)
O que lhe parece mais rapidamente executável do que o “ideal”?
Por exemplo, seria ótimo poder ler os livros e depois arrumar tudo, mas talvez seja mais viável só organizar e pensar em ler depois.
O que o atrapalha de fato, aqui e agora?
Excesso de objetos em sua mesa de trabalho, utensílios de uso diário mal armazenados, gavetas muito cheias, por exemplo?
É sempre útil focar no presente, pois aquilo que for uma necessidade nesse momento fará mais sentido.
• Atualização e reconhecimento: hoje consegui resolver tal coisa. É um passo e início da próxima etapa. Um caminho começa em algum lugar e a partir de primeiros movimentos.
Definir, por exemplo, quais coisas são prioritárias, urgentes ou mesmo mais simples de executar.
O excesso de informação visual, decorrência da quantidade de coisas que estão à nossa frente, turva a concentração. Este pode ser o começo da organização.
Outras observações : quais desordens o atrapalham mais ? Travas de energia e ação?
Quais coisas poderia fazer imediatamente que lhe trariam praticidade, agilidade no dia a dia, ou mesmo alívio?
Às vezes se trata de somente começar a limpar nossa mesa ou fazer uma lista de atividades a serem feitas para nos “aquecer” para outros movimentos.
São passos essenciais: definir pontos de partida, começar a caminhada e, reconhecendo o esforço que estamos fazendo em meio a tantas incertezas, seguir com nosso planejamento.