ISOLAMENTO SOCIAL
Estranhamento. Perturbação. Distanciamento. Solidão. Silêncio. Vazio. Medo. Incerteza. Diferença.
Estes são alguns dos sentimentos e pensamentos negativos que o isolamento social nos provoca.
Somos um povo musical, alegre e amistoso e, sendo um país enorme, cada região tem suas peculiaridades.
Nós, no Rio de Janeiro, temos a geografia/natureza espetacular e clima idem (oscilando entre o ameno e a “fervura”).
Isso nos faz ir mais para a rua e cria hábitos próprios: vamos à praia, parques e lugares lindos, bares, noites na Lapa, rodas de samba, etc.
Os nossos “passa lá em casa” ou “me liga” são clássicas falas simpáticas cariocas (porque, na verdade, não temos o telefone nem o endereço de quem nos diz isso) e na verdade significam: “nos vemos na praia, na rua ou no bar”.
E então, nos trancamos em casa.
Isto é difícil para todos mas, certamente, para os povos mais “da rua”, é uma diferença e tanto…
Porém, a partir da aceitação da realidade de que não podemos mudar, há que se buscar o lado positivo.
Boa parte de nós, psicólogos, levantamos essa pergunta, por vezes irritante: o que podemos aprender, entender ou melhorar dentro de tal situação?
Apesar dos pontos negativos listados no início, existem outros que são bastante interessantes quando apuramos olhares e pensamentos.
Há relatos de maior produtividade e disposição no trabalho remoto, já que o tempo e stress com deslocamento e trânsito foram suspensos.
Muitas sessões de terapia têm sido mais focadas e com maior proximidade.
Talvez em casa, lugar de acolhimento e segurança, algumas pessoas se sintam mais tranquilas para falar de forma mais aberta e se aprofundar em temas difíceis.
É comum inclusive que, quando “nada acontece” lá fora, conteúdos internos apareçam mais.
Naturalmente, isto é relativo. Há também composições domésticas bastante complicadas, barulhentas e pouco compatíveis com foco e concentração.
Seguimos em isolamento, mas podemos pensar nele como físico e não necessariamente social. Algumas pessoas relatam maior disposição e disponibilidade para contatos sociais, já que estão mais tranquilas pela diminuição de movimentos e compromissos.
Alguns grupos- de discussão, estudos, trocas de experiências ou sugestões e compartilhamento foram criados nesse distanciamento. Novas redes surgiram dentro dos mais variados temas e objetivos.
Como somos seres sociais e gregários, damos um jeito de criar e permanecer em contato. E, nesse ponto a tecnologia não dá só uma mãozinha, dá um corpo inteiro !!
LAZER
Parece estranho falar em lazer numa hora dessas, mas é justamente por tudo estar tão revirado que ele se torna ainda mais importante.
Ainda que tenhamos trabalho nesse momento e, por mais intenso que seja, ficamos mais flexíveis por acontecer dentro de casa.
Corremos o risco de embaralhar dias de semana com fins de semana e assim, não trabalhar direito nem descansar ou relaxar. Se você procrastina o seu trabalho durante a semana, ele baterá à sua porta no Sábado ou, pior ainda, no Domingo à noite…
A manutenção da rotina, ainda que diferente da usual de antes, é importante para que possamos aproveitar o contato com família, amigos, assistir filmes, shows ou o que nos interessar nos momentos de folga.
Assim, preservamos uma vivência de tempos e movimentos mais consistente e prazerosa.