Saúde mental na pandemia – 2

ACEITAÇÃO

Quinta semana de isolamento. Uns já começando a sentir mais efeitos negativos do confinamento.

Outros, relatando observações e reavaliações importantes da própria vida.

Percebendo os consequentes malefícios da rotina anterior na saúde e nos relacionamentos, estão entendendo esse período como útil para a reflexão-ainda que de maneira forçada e assustadora.

Quem acompanha as notícias, observa as divergências de opiniões a esse respeito. Há quem entenda e defenda o isolamento social rigoroso e os que crêem que o mesmo nos levará à um caos ainda maior.

Podemos concordar com um, com outro ou até pensar em algo intermediário entre os dois mas, se não estamos em qualquer posição de comando ou de poder decisório mais amplo; se somos apenas “cidadãos comuns”, nos resta aceitar a realidade.

Hoje, aqui e agora.

Vivendo um dia após o outro. Como sabiamente se diz em reuniões de anônimos- AA, por exemplo: “Só por hoje”.

Seguimos fazendo o melhor possível, procurando evoluir individualmente e nas relações com os que estão confinados conosco. Em nossos trabalhos e estudos presentes ou mesmo em projetos para o futuro.

Podemos estar com mais medo agora que o afastamento da rotina e do mundo que conhecíamos se prolonga ou até mais esperançosos pensando que justamente isso nos tornará seres mais conscientes e humanizados.

Mas, independente da visão de cada um, o único alcance que temos é o nosso próprio comportamento.

Esse sim, pode mudar a nossa vida, a de quem nos cerca e ter amplitude.

Muitas das grandes descobertas e feitos começaram com alguém observando, divagando, experimentando e pensando algo diferente a partir da realidade conhecida até então.

É a paz dos impotentes. E isso quer dizer: ficar em paz enquanto cuida da sua vida e não paralisado por saber que você não pode promover mudanças em larga escala.

Paradoxalmente, aceitar a impotência de não ter como mudar esse momento e o que está acontecendo, pode nos libertar para olhar para dentro e mudar o que desejamos e conseguimos alcançar.

Trabalhando sempre para obter ou manter o apaziguamento interior.

Novamente, a experiência dos anônimos com a oração da serenidade:

Coragem para mudar o que posso, aceitar o que não posso mudar e discernimento para distinguir um do outro.

AJUDA

Complementando o tópico da parte 1, aqui se trata da ajuda ao próximo; de como podemos dar suporte e apoio a outras pessoas.

Há vários projetos em curso: desde iniciativas de grandes empresas, até indivíduos que, sozinhos ou em grupos, se organizam para distribuir cestas básicas, itens de higiene ou mesmo conhecimento, quando montam grupos de discussão, esclarecimento ou atendimento à quem necessita.

Há iniciativas generosas, criativas e gratuitas: disponibilização de livros em grandes bibliotecas e empresas que os comercializam, “visitas” a museus e exposições pelo mundo afora, espetáculos, cursos, aulas.

Mas, algumas pessoas não sabem disso porque estão “presas” dentro das próprias angústias e medos, e é difícil pensar em alternativas nesse estado.

Está havendo uma volta de práticas colocadas de lado, já esquecidas em nosso mundo e rotina frenéticos. Bordar, costurar, fazer tricô, tocar um instrumento, escrever…

A lista é enorme e muitas vezes nossa ajuda ao outro consiste em apenas ajudá-lo a pensar, a se lembrar daquilo que gostava de fazer, ou gostaria de tentar fazer. Incentivar a buscar o que o interessa e energiza.

Simples assim.

Se não temos disponibilidade financeira, possibilidade de sair de casa ou conhecimento para um suporte mais técnico, o apoio com ideias e sugestões, a troca de informações, ou somente se oferecer para escutar o outro ao telefone, já são de grande valia.

É comum entre voluntários de qualquer área o relato do benefício emocional que essa atividade traz para quem a pratica.

Se perceber fazendo diferença e tocando positivamente outra vida, ainda que de uma só pessoa.

Se você já faz parte de algum grupo ou projeto que atue nessa direção, provavelmente se identificará com esse relato.

Como no ditado: “Ninguém é tão rico que não possa receber nada, nem tão pobre que não tenha nada a oferecer”.

E, nesse momento, qualquer ajuda é muito bem-vinda.

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