Falta pouco para o fim deste Domingo, dia das mães, mas ainda há tempo para uma rápida homenagem.
Difícil imaginar o que a mãe dele deve ter sentido ao longo destes últimos dias. À ela, meus respeitos, sentimentos e admiração.
Uma pessoa é o resultado de interações entre o que é inato e o ambiente que ela encontra e pensando assim, fica claro que Paulo Gustavo teve, não somente a própria natureza, mas também acolhimento, aceitação e condições favoráveis para florescer.
Não falo aqui como fã ou seguidora de sua obra. Talvez tenha assistido somente a um ou outro trabalho dele. Em outras distrações, os últimos filmes dele acabaram ficando para um futuro.
O que me motiva aqui é a consciência posterior de quem ele foi.
Às vezes, só “conhecemos” alguém, após a sua morte. Coisas da vida…
Hoje entendo que, além (e acima) de seu talento como comediante, humorista ou ator, Paulo Gustavo foi um grande agregador; alguém que como poucos, foi capaz de juntar, amalgamar.
Juntou 2 em 1 quando criou a personagem de Dona Hermínia: mãe e filho em uma mesma pessoa. Um filho que expressa a própria mãe captada em suas várias nuances: irritante, cômica, enternecedora, a “sem noção” que nos “enche o saco”, sendo a criatura mais capaz de nos amar e aceitar incondicionalmente. Somente pelo que somos.
Também aglutinou a diversidade: com trejeitos e posicionamento que não poderiam ser definidos unicamente como “cômicos”, “gays”, “irônicos”, “femininos” ou “politicamente incorretos”, ele era tão autêntico que tinha a liberdade de dizer o que quisesse, quando e como quisesse para todos os públicos. E estes o apreciavam em sua simpatia e sinceridade.
Parecia falar diretamente ao público, como alguém sentado na sala de casa.
Foi filho, mãe, irmão, pai, patrão, marido, companheiro, amigo, provedor e promotor de tanta alegria, sendo somente ele mesmo.
Quanta alegria e alívio- especialmente agora, ao nos sentirmos representados por alguém tão múltiplo e positivo.
Isto parece claramente emblemático em larga escala daquilo que definimos como Democracia, Pluralidade e Liberdade.
Igualmente emblemático que ele tenha criado e sido “a mãe mais amada do Brasil”.
E, de maneira particular e peculiar, sendo alguém extremamente talentoso para difundir tais valores em larga escala.
Tomamos conhecimento, após sua morte, da grandiosidade deste ser humano por trás da sua exuberância e escracho. Aquele que, na Pandemia, seguiu- do próprio bolso, importante ressaltar- pagando seus funcionários e fez doações vultosas à causas e instituições. Tudo isto de maneira discreta e sem alarde, mantendo de maneira fiel o princípio básico da doação de coração: o anonimato.
Seu objetivo era ajudar e não “jogar para a platéia”. Quando a intenção é nobre, não precisamos de placas ou cerimônias de “beija-mão”.
Na minha cultura em particular, isto se trata de justiça e não de caridade.
Não tenho autoridade de conhecedora de sua obra artística. Como já disse, acompanhei muito pouco de seu trabalho, mas entendo que ele merece nosso reconhecimento e gratidão.
É um farol no horizonte noturno, uma visão diurna de terra firme à frente e precisamos ressaltar pessoas exemplares e inspiradoras assim.
Especialmente em tempos tão soturnos e instáveis, quando as instituições e mandatários que deveriam nos proteger, guardar e acolher nos abandonam ou, pior ainda, nos traem.
Que Paulo Gustavo, embalado pelo amor do povo brasileiro, vá em direção à luz. Que sua mãe, marido e filhos encontrem forças e que nós, possamos nos inspirar no exemplo de ser humano que ele foi.
Muito obrigada !