PESSIMISMO
Noite de sono prejudicada. A festa no clube vizinho foi animada, som alto até tarde e os dois levantaram mal.
“Lúcia, estou frito ! Já percebo os sinais da enxaqueca chegando. Justamente hoje que tenho a apresentação do relatório do projeto…”
“Realmente essa noite foi ruim. Também estou meio mal humorada, mas não se preocupe, Marcos. Você está super bem preparado, vai dar tudo certo !”
“Certo ??? Você sabe como eu sou, né? Fico péssimo quando durmo pouco. Meus supervisores estarão presentes à reunião. E hoje ainda é 2af, a semana mal começou…”
Algumas pessoas são majoritariamente otimistas ou pessimistas. Outras, mesmo longe dos extremos, tem inclinações para um dos dois lados.
É fácil entender que os otimistas sofrem menos e o oposto acontece para os pessimistas.
Quando pensamos naquelas expressões do tipo: “mais do mesmo” ou “pensamentos negativos atraem coisas ruins”, não estamos necessariamente pensando em algo esotérico.
É até bastante terreno e simples de entender. Se olhamos para o lado mais bonito, vemos ainda mais beleza. Se miramos o negativo, o que é feio saltará aos olhos.
Imagine que você está fazendo uma caminhada na orla da praia às 8 horas da manhã. O dia está ensolarado e o mar, como sempre, lindo.
Focando nesta vista, verá a exuberância da natureza, os sons e cheiros da maresia e, de brinde, ainda poderá ter uma epifania ou até uma ideia incrível, inspirado pelo relaxamento da situação.
Mas, se você caminhar olhando somente para os carros que passam ao lado, vai ver: trânsito, um ou outro motorista irritado e/ou dirigindo de forma irresponsável, o ônibus apinhado de gente, etc.
Bem provável que, observando tudo isso, você comece a pensar em como o tráfego no Rio é horrível e perigoso, as pessoas mal educadas, em como o ser humano ficou selvagem e também que seria ótimo morar em outro lugar, só que isso é impossível agora… Que droga !!
Saiu de casa para uma caminhada e voltou com uma crise existencial…
Nascemos com características físicas e de temperamento. Ambas interagem com o ambiente e são afetadas por ele.
Há uma relação constante entre a nossa natureza: personalidade, maneira de pensar, sentir e se comportar, e o externo: família, condições sócio-econômicas e as pessoas com quem interagimos.
Se conhecemos nossos pontos fortes, vulnerabilidades e também como reagimos ao que nos cerca e acontece, podemos entender que pontos precisamos ajustar para aumentar o (nosso) positivo e modular melhor o (também nosso) negativo.
Não podemos mudar a altura que temos, nem a cor dos olhos, mas habilidades podem ser descobertas, desenvolvidas e aperfeiçoadas.
Treinamento e repetição.
O atleta salta centenas de vezes, o ator repete a cena, o chef testa a receita. Esse é o caminho necessário para a melhor execução daquilo que desejamos.
E, quanto mais treinamos, melhor será o nosso desempenho.
Pode ser um talento, estudo ou mesmo um comportamento: quanto mais repetimos, mais bem feitos e automáticos se tornam.
Alguns já foram incorporados e fazem parte de nosso funcionamento. Outros podem ser aprendidos e estimulados.
O pessimismo provoca pensamentos e sentimentos negativos de maneira circular, nos fazendo sofrer.
O otimismo também promove uma circularidade, mas na direção oposta, positiva.
Percebendo o mal estar na negatividade e o bem estar em vibrações, podemos nos orientar para uma mudança.
Para virar essa chave de maneira clara, consciente e operativa.
Isto vai demandar dedicação e esforço inicialmente, como acontece quando traçamos objetivos, e passaremos horas, dias ou anos estudando, praticando e aprimorando…
E assim, pensar no otimismo como uma habilidade- e em um momento em que ele é providencial- para ajudar a iluminar em dias cinzentos e a “virar” nosso olhar para o sol em caminhadas.